O Texto esta dividido em quatro cores para que se
saiba facilmente de qual evangelho fora tirado o trecho que esta sendo lido
Matheus
Marcos
Lucas
João
Ao
declinar da tarde, pôs-se Jesus à mesa com os doze discípulos.
Disse-lhes: Tenho desejado ardentemente comer convosco esta
Páscoa, antes de sofrer.
Pois vos digo: não tornarei a comê-la, até que ela se cumpra no Reino de Deus.
Durante a ceia, - quando o demônio já tinha lançado
no coração de Judas, filho de Simão Iscariotes, o propósito de traí-lo -,
sabendo Jesus que o Pai tudo lhe dera nas mãos, e que saíra de Deus e para Deus
voltava,
levantou-se da mesa, depôs as suas vestes e, pegando duma toalha, cingiu-se com
ela.
Em seguida, deitou água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos e a
enxugá-los com a toalha com que estava cingido.
Chegou a Simão Pedro. Mas Pedro lhe disse: Senhor quer lavar-me os pés!...
Respondeu-lhe Jesus: O que faço não compreende agora, mas compreendê-lo-ás em
breve.
Disse-lhe Pedro: Jamais me lavarão os pés!... Respondeu-lhe Jesus: Se eu não
tos lavar, não terás parte comigo.
Exclamou então Simão Pedro: Senhor, não somente os pés, mas também as mãos e a
cabeça.
Disse-lhe Jesus: Aquele que tomou banho não tem necessidade de lavar-se; está
inteiramente puro. Ora, vós estais puros, mas nem todos!...
Pois sabia quem o havia de trair; por isso, disse: Nem todos estais puros.
Depois de lhes lavar os pés e tomar as suas vestes, sentou-se novamente à mesa
e perguntou-lhes: Sabeis o que vos fiz?
Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu o sou.
Logo, se eu, vosso Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis
lavar-vos os pés uns aos outros.
Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, assim façais também vós.
Em verdade, em verdade vos digo: o servo não é maior do que o seu Senhor, nem o
enviado é maior do que aquele que o enviou.
Se compreenderdes estas coisas, sereis felizes, sob condição de as praticardes.
Não digo isso de vós todos; conheço os que escolhi, mas é preciso que se cumpra
esta palavra da Escritura: Aquele que come o pão comigo levantou contra mim o
seu calcanhar (Sl 40,10).
Desde já vo-lo digo, antes que aconteça, para que, quando acontecer, creiais e
reconheçais quem sou eu.
Em verdade, em verdade vos digo: quem recebe aquele que eu enviei recebe a mim;
e quem me recebe, recebe aquele que me enviou.
Durante a ceia, disse: Em verdade vos digo: um de vós me há de trair.
Com profunda aflição, cada um começou a perguntar: Sou eu, Senhor?
Surgiu também entre eles uma discussão: qual deles seria o
maior.
E Jesus disse-lhes: Os reis dos pagãos dominam como senhores, e
os que exercem sobre eles autoridade chamam-se benfeitores.
Que não seja assim entre vós; mas o que entre vós é o maior, torne-se como o
último; e o que governa seja como o servo.
Pois qual é o maior: o que está sentado à mesa ou o que serve? Não é aquele que
está sentado à mesa? Todavia, eu estou no meio de vós, como aquele que serve.
E vós tendes permanecido comigo nas minhas provações;
eu, pois, disponho do Reino a vosso favor, assim como meu Pai o dispôs a meu
favor,
para que comais e bebais à minha mesa no meu Reino e vos senteis em tronos,
para julgar as doze tribos de Israel.
Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como o trigo;
mas eu roguei por ti, para que a tua confiança não desfaleça; e tu, por tua
vez, confirma os teus irmãos.
Pedro disse-lhe: Senhor, estou pronto a ir contigo tanto para a prisão como
para a morte.
Jesus respondeu-lhe: Digo-te, Pedro, não cantará hoje o galo,
até que três vezes hajas negado que me conheces.
Depois ajuntou: Quando vos mandei sem bolsa, sem mochila e sem calçado,
faltou-vos porventura alguma coisa? Eles responderam: Nada.
Mas agora, disse-lhes ele, aquele que tem uma bolsa, tome-a; aquele que tem uma
mochila, tome-a igualmente; e aquele que não tiver uma espada, venda sua capa
para comprar uma.
Pois vos digo: é necessário que se cumpra em mim ainda este oráculo: E foi
contado entre os malfeitores (Is 53,12). Com efeito, aquilo que me diz respeito
está próximo de se cumprir.
Eles replicaram: Senhor, eis aqui duas espadas.
Basta, respondeu ele.
Respondeu ele: Aquele que pôs comigo a mão no prato, esse me trairá.
O Filho do Homem vai, como dele está escrito. Mas ai daquele homem por quem o
Filho do Homem é traído! Seria melhor para esse homem que jamais tivesse
nascido!
Tendo Judas recebido o bocado de pão, apressou-se em sair. E era
noite...
Logo que ele o engoliu, Satanás entrou nele. Jesus
disse-lhe, então: O que queres fazer, faze-o depressa.
Mas ninguém dos que estavam à mesa soube por que motivo lho
dissera.
Pois, como Judas tinha a bolsa, pensavam alguns que Jesus lhe falava: Compra
aquilo de que temos necessidade para a festa. Ou: Dá alguma coisa aos pobres.
Durante a refeição, Jesus tomou o pão, benzeu-o, partiu-o e o deu aos
discípulos, dizendo: Tomai e comei, isto é meu corpo.
Tomou depois o cálice, rendeu graças e deu-lho, dizendo: Bebei dele todos,
porque isto é meu sangue, o sangue da
Nova Aliança, derramado por muitos homens em remissão dos pecados.
Digo-vos: doravante não beberei mais desse fruto da vinha até o dia em que o
beberei de novo convosco no Reino de meu Pai.
Depois do canto dos Salmos, dirigiram-se eles para o
monte das Oliveiras.
Não se perturbe o vosso coração.
Credes em Deus, crede também em mim.
Na casa de meu Pai há muitas moradas. Não fora assim, e eu vos teria dito; pois
vou preparar-vos um lugar.
Depois de ir e vos preparar um lugar, voltarei e tomar-vos-ei comigo, para que,
onde eu estou, também vós estejais.
E vós conheceis o caminho para ir aonde vou.
Disse-lhe Tomé: Senhor, não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o
caminho?
Jesus lhe respondeu: Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai
senão por mim.
Se me conhecêsseis, também certamente conheceríeis meu Pai; desde agora já o
conheceis, pois o tendes visto.
Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta.
Respondeu Jesus: Há tanto tempo que estou convosco e não me conheceste, Filipe!
Aquele que me viu, viu também o Pai. Como, pois, dizes: Mostra-nos o Pai...
Não credes que estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que vos digo
não as digo de mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, é que realiza as
suas próprias obras.
Crede-me: estou no Pai, e o Pai em mim. Crede-o ao menos por causa destas
obras.
Em verdade, em verdade vos digo: aquele que crê em mim fará também as obras que
eu faço, e fará ainda maiores do que estas, porque vou para junto do Pai.
E tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, vo-lo farei, para que o Pai seja
glorificado no Filho.
Qualquer coisa que me pedirdes em meu nome, vo-lo farei.
Se me amais, guardareis os meus mandamentos.
E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Paráclito, para que fique eternamente
convosco.
É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o
conhece, mas vós o conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós.
Não vos deixarei órfãos. Voltarei a vós.
Ainda um pouco de tempo e o mundo já não me verá. Vós, porém, me tornareis a
ver, porque eu vivo e vós vivereis.
Naquele dia conhecereis que estou em meu Pai, e vós em mim e eu em vós.
Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é que me ama. E aquele que
me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e manifestar-me-ei a ele.
Pergunta-lhe Judas, não o Iscariotes: Senhor, por que razão hás de
manifestar-te a nós e não ao mundo?
Respondeu-lhe Jesus: Se alguém me ama, guardará a minha palavra e meu Pai o
amará, e nós viremos a ele e nele faremos nossa morada.
Aquele que não me ama não guarda as minhas palavras. A palavra que tendes
ouvido não é minha, mas sim do Pai que me enviou.
Disse-vos estas coisas enquanto estou convosco.
Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á
todas as coisas e vos recordará tudo o que vos tenho dito.
Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como o mundo a dá. Não se
perturbe o vosso coração, nem se atemorize!
Ouvistes que eu vos disse: Vou e volto a vós. Se me amardes, certamente haveis
de alegrar-vos, que vou para junto do Pai, porque o Pai é maior do que eu.
E disse-vos agora estas coisas, antes que aconteçam, para que creiais quando
acontecerem.
Já não falarei muito convosco, porque vem o príncipe deste mundo; mas ele não
tem nada em mim.
O mundo, porém, deve saber que amo o Pai e procedo como o Pai me ordenou.
Levantai-vos, vamo-nos daqui.
Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que não der
fruto em mim, ele o cortará;
e podará todo o que der fruto, para que produza mais fruto.
Vós já estais puros pela palavra que vos tenho anunciado.
Permanecei em mim e eu permanecerei em vós. O ramo não pode dar fruto por si
mesmo, se não permanecer na videira. Assim também vós: não podeis tampouco dar
fruto, se não permanecerdes em mim.
Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanecer em mim e eu nele, esse dá
muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.
Se alguém não permanecer em mim será lançado fora, como o ramo. Ele secará e
hão de ajuntá-lo e lançá-lo ao fogo, e queimar-se-á.
Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis
tudo o que quiserdes e vos será feito.
Nisto é glorificado meu Pai, para que deis muito fruto e vos torneis meus
discípulos.
Como o Pai me ama, assim também eu vos amo. Perseverai no meu amor.
Se guardardes os meus mandamentos, sereis constantes no meu amor, como também
eu guardei os mandamentos de meu Pai e persisto no seu amor.
Disse-vos essas coisas para que a minha alegria esteja em vós, e a vossa
alegria seja completa.
Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, como eu vos amo.
Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos.
Vós sois meus amigos, se fazeis o que vos mando.
Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor. Mas
chamei-vos amigos, pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai.
Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi e vos constituí para que
vades e produzais fruto, e o vosso fruto permaneça. Eu assim vos constituí, a
fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vos conceda.
O que vos mando é que vos ameis uns aos outros.
Se o mundo vos odeia, sabei que me odiou a mim antes que a vós.
Se fôsseis do mundo, o mundo vos amaria como sendo seus. Como, porém, não sois
do mundo, mas do mundo vos escolhi, por isso o mundo vos odeia.
Lembrai-vos da palavra que vos disse: O servo não é maior do que o seu senhor.
Se me perseguiram, também vos hão de perseguir. Se guardaram a minha palavra,
hão de guardar também a vossa.
Mas vos farão tudo isso por causa do meu nome, porque não conhecem aquele que
me enviou.
Se eu não viesse e não lhes tivesse falado, não teriam pecado; mas agora não há
desculpa para o seu pecado.
Aquele que me odeia, odeia também a meu Pai.
Se eu não tivesse feito entre eles obras, como nenhum outro fez, não teriam pecado;
mas agora as viram e odiaram a mim e a meu Pai.
Mas foi para que se cumpra a palavra que está escrita na sua lei: Odiaram-me
sem motivo (Sl 34,19; 68,5).
Quando vier o Paráclito, que vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da
Verdade, que procede do Pai, ele dará testemunho de mim.
Também vós dareis testemunho, porque estais comigo desde o princípio
Disse-vos essas coisas para vos preservar de alguma queda.
Expulsar-vos-ão das sinagogas, e virá a hora em que todo aquele que vos tirar a
vida julgará prestar culto a Deus.
Procederão deste modo porque não conheceram o Pai, nem a mim.
Disse-vos, porém, essas palavras para que, quando chegar a hora, vos lembreis
de que vo-lo anunciei. E não vo-las disse desde o princípio, porque estava
convosco.
Agora vou para aquele que me enviou, e ninguém de vós me pergunta: Para onde
vais?
Mas porque vos falei assim, a tristeza encheu o vosso coração.
Entretanto, digo-vos a verdade: convém a vós que eu vá! Porque, se eu não for,
o Paráclito não virá a vós; mas se eu for, vo-lo enviarei.
E, quando ele vier, convencerá o mundo a respeito do pecado, da justiça e do
juízo.
Convencerá o mundo a respeito do pecado, que consiste em não crer em mim.
Ele o convencerá a respeito da justiça, porque eu me vou para junto do meu Pai
e vós já não me vereis;
ele o convencerá a respeito do juízo, que consiste em que o príncipe deste
mundo já está julgado e condenado.
Muitas coisas ainda tenho a dizer-vos, mas não as podeis suportar agora.
Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a verdade,
porque não falará por si mesmo, mas dirá o que ouvir, e anunciar-vos-á as
coisas que virão.
Ele me glorificará, porque receberá do que é meu, e vo-lo anunciará.
Tudo o que o Pai possui é meu. Por isso, disse: Há de receber do que é meu, e
vo-lo anunciará.
Ainda um pouco de tempo, e já me não vereis; e depois mais um pouco de tempo, e
me tornareis a ver, porque vou para junto do Pai.
Nisso alguns dos seus discípulos perguntavam uns aos outros: Que é isso que ele
nos diz: Ainda um pouco de tempo, e não me vereis; e depois mais um pouco de
tempo, e me tornareis a ver? E que significa também: Eu vou para o Pai?
Diziam então: Que significa este pouco de tempo de que fala? Não sabemos o que
ele quer dizer.
Jesus notou que lho queriam perguntar e disse-lhes: Perguntais uns aos outros
acerca do que eu disse: Ainda um pouco de tempo, e não me vereis; e depois mais
um pouco de tempo, e me tornareis a ver.
Em verdade, em verdade vos digo: haveis de lamentar e chorar, mas o mundo se há
de alegrar. E haveis de estar tristes, mas a vossa tristeza se há de
transformar em alegria.
Quando a mulher está para dar à luz, sofre porque veio a sua hora. Mas, depois
que deu à luz a criança, já não se lembra da aflição, por causa da alegria que
sente de haver nascido um homem no mundo.
Assim também vós: sem dúvida, agora estais tristes, mas hei de ver-vos outra
vez, e o vosso coração se alegrará e ninguém vos tirará a vossa alegria.
Naquele dia não me perguntareis mais coisa alguma.
Em verdade, em verdade vos digo: o que pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo
dará.
Até agora não pedistes nada em meu nome. Pedi e recebereis, para que a vossa
alegria seja perfeita.
Disse-vos essas coisas em termos figurados e obscuros. Vem a hora em que já não
vos falarei por meio de comparações e parábolas, mas vos falarei abertamente a
respeito do Pai.
Naquele dia pedireis em meu nome, e já não digo que rogarei ao Pai por vós.
Pois o mesmo Pai vos ama, porque vós me amastes e crestes que saí de Deus.
Saí do Pai e vim ao mundo. Agora deixo o mundo e volto para junto do Pai.
Disseram-lhe os seus discípulos: Eis que agora falas claramente e a tua linguagem
já não é figurada e obscura.
Agora sabemos que conheces todas as coisas e que não necessitas que alguém te
pergunte. Por isso, cremos que saíste de Deus.
Jesus replicou-lhes: Credes agora!...
Eis que vem a hora, e ela já veio, em que sereis espalhados, cada um para o seu
lado, e me deixareis sozinho. Mas não estou só, porque o Pai está comigo.
Referi-vos essas coisas para que tenhais a paz em mim. No mundo haveis de ter
aflições. Coragem! Eu venci o mundo.
Jesus afirmou essas coisas e depois, levantando os olhos ao céu, disse: Pai, é
chegada a hora. Glorifica teu Filho, para que teu Filho glorifique a ti;
e para que, pelo poder que lhe conferiste sobre toda criatura, ele dê a vida
eterna a todos aqueles que lhe entregaste.
Ora, a vida eterna consiste em que conheçam a ti, um só Deus verdadeiro, e a
Jesus Cristo que enviaste.
Eu te glorifiquei na terra. Terminei a obra que me deste para fazer.
Agora, pois, Pai, glorifica-me junto de ti, concedendo-me a glória que tive
junto de ti, antes que o mundo fosse criado.
Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste. Eram teus e deste-mos e
guardaram a tua palavra.
Agora eles reconheceram que todas as coisas que me deste procedem de ti.
Porque eu lhes transmiti as palavras que tu me confiaste e eles as receberam e
reconheceram verdadeiramente que saí de ti, e creram que tu me enviaste.
Por eles é que eu rogo. Não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste,
porque são teus.
Tudo o que é meu é teu, e tudo o que é teu é meu. Neles sou glorificado.
Já não estou no mundo, mas eles estão ainda no mundo; eu, porém, vou para junto
de ti. Pai santo, guarda-os em teu nome, que me encarregaste de fazer conhecer,
a fim de que sejam um como nós.
Enquanto eu estava com eles, eu os guardava em teu nome, que me incumbiste de
fazer conhecido. Conservei os que me deste, e nenhum deles se perdeu, exceto o
filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura.
Mas, agora, vou para junto de ti. Dirijo-te esta oração enquanto estou no mundo
para que eles tenham a plenitude da minha alegria.
Dei-lhes a tua palavra, mas o mundo os odeia, porque eles não são do mundo,
como também eu não sou do mundo.
Não peço que os tires do mundo, mas sim que os preserves do mal.
Eles não são do mundo, como também eu não sou do mundo.
Santifica-os pela verdade. A tua palavra é a verdade.
Como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo.
Santifico-me por eles para que também eles sejam santificados pela verdade.
Não rogo somente por eles, mas também por aqueles que por sua palavra hão de
crer em mim.
Para que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, para que
também eles estejam em nós e o mundo creia que tu me enviaste.
Dei-lhes a glória que me deste, para que sejam um, como nós somos um:
eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade e o mundo reconheça
que me enviaste e os amaste, como amaste a mim.
Pai, quero que, onde eu estou, estejam comigo aqueles que me deste, para que
vejam a minha glória que me concedeste, porque me amaste antes da criação do
mundo.
Pai justo, o mundo não te conheceu, mas eu te conheci, e estes sabem que tu me
enviaste.
Manifestei-lhes o teu nome, e ainda hei de lho manifestar, para que o amor com
que me amaste esteja neles, e eu neles.
Ao chegar àquele lugar, disse-lhes:
Orai para que não caiais em tentação.
Disse-lhes
então Jesus: Esta noite serei para todos vós uma ocasião de queda; porque está
escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho serão dispersadas (Zc 13,7).
Mas, depois da minha Ressurreição, eu vos precederei na Galiléia.
Retirou-se Jesus com eles para um lugar chamado Getsêmani e disse-lhes:
Assentai-vos aqui, enquanto eu vou ali orar.
Depois se afastou deles à distância de um tiro de
pedra e, ajoelhando-se, orava:
Pai, se é de teu agrado, afasta de mim este cálice! Não se faça, todavia, a
minha vontade, mas sim a tua.
Apareceu-lhe então um anjo do céu para confortá-lo.
Ele entrou em agonia e orava ainda com mais instância, e seu suor tornou-se
como gotas de sangue a escorrer pela terra.
Depois de ter rezado, levantou-se, foi ter com os discípulos e achou-os
adormecidos de tristeza.
Disse-lhes: Por que dormis? Levantai-vos, orai, para não cairdes em tentação.
O espírito está pronto, mas a carne é fraca.
Afastou-se pela segunda vez e orou,
dizendo: Meu Pai, se não é possível que este cálice passe sem que eu o beba,
faça-se a tua vontade!
Voltou ainda e os encontrou novamente dormindo, porque seus olhos estavam
pesados.
Deixou-os e foi orar pela terceira vez, dizendo as mesmas palavras.
Voltou então para os seus discípulos e disse-lhes: Dormi agora e repousai!
Chegou a hora: o Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos pecadores...
Levantai-vos, vamos! Aquele que me trai está perto daqui.
Ele ainda falava, quando apareceu uma multidão de gente; e à testa deles vinha
um dos Doze, que se chamava Judas. Achegou-se de Jesus para o beijar.
O traidor combinara com eles este sinal: Aquele que
eu beijar, é ele. Prendei-o!
Aproximou-se imediatamente de Jesus e disse: Salve,
Mestre. E beijou-o.
Jesus perguntou-lhe: Judas, com um beijo trais o Filho do Homem!
Em seguida, adiantaram-se eles e lançaram mão em Jesus para prendê-lo.
Mas um dos companheiros de Jesus desembainhou a
espada e feriu um servo do sumo sacerdote, decepando-lhe a orelha.
Mas Jesus interveio: Deixai, basta. E,
tocando na orelha daquele homem, curou-o.
no entanto, lhe disse: Embainha tua espada, porque todos aqueles que usarem da
espada, pela espada morrerão.
Crês tu que não posso invocar meu Pai e ele não me enviaria imediatamente mais
de doze legiões de anjos?
Mas como se cumpririam então as Escrituras, segundo as quais é preciso que seja
assim?
Depois, voltando-se para a turba, falou: Saístes armados de espadas e
porretes para prender-me, como se eu fosse um malfeitor. Entretanto, todos os
dias estava eu sentado entre vós ensinando no templo e não me prendestes.
Mas tudo isto aconteceu porque era necessário que se cumprissem os oráculos dos
profetas. Então os discípulos o abandonaram e fugiram.
Então a coorte, o tribuno e os guardas
dos judeus prenderam Jesus e o ataram.
Seguia-o um jovem coberto somente de um pano de linho; e prenderam-no.
Mas, lançando ele de si o pano de linho, escapou-lhes despido.
Conduziram Jesus à casa do sumo sacerdote, onde se reuniram todos os
sacerdotes, escribas e anciãos.
Pedro o foi seguindo de longe até dentro do pátio. Sentou-se junto do fogo com
os servos e aquecia-se.
Os sumos sacerdotes e todo o conselho buscavam algum testemunho contra Jesus,
para o condenar à morte, mas não o achavam.
Muitos diziam falsos testemunhos contra ele, mas seus depoimentos não
concordavam.
Levantaram-se, então, alguns e deram esse falso testemunho contra ele:
Ouvimo-lo dizer: Eu destruirei este templo, feito por mãos de homens, e em três
dias edificarei outro, que não será feito por mãos de homens.
Mas nem neste ponto eram coerentes os seus testemunhos.
O sumo sacerdote levantou-se no meio da assembléia e perguntou a Jesus: Não
respondes nada? O que é isto que dizem contra ti?
Mas Jesus se calava e nada respondia. O sumo sacerdote tornou a perguntar-lhe:
És tu o Cristo, o Filho de Deus bendito?
Jesus respondeu: Sim. Além disso, eu vos declaro que
vereis doravante o Filho do Homem sentar-se à direita do Todo-poderoso, e
voltar sobre as nuvens do céu.
A estas palavras, o sumo sacerdote rasgou suas vestes, exclamando: Que necessidade
temos ainda de testemunhas? Acabastes de ouvir a blasfêmia!
Qual o vosso parecer? Eles responderam: Merece a morte!
O sumo sacerdote indagou de Jesus
acerca dos seus discípulos e da sua doutrina.
Jesus respondeu-lhe: Falei publicamente ao mundo. Ensinei na sinagoga e no
templo, onde se reúnem os judeus, e nada falei às ocultas.
Por que me perguntas? Pergunta àqueles que ouviram o que lhes disse. Estes
sabem o que ensinei.
A estas palavras, um dos guardas presentes deu uma bofetada em Jesus, dizendo:
É assim que respondes ao sumo sacerdote?
Replicou-lhe Jesus: Se falei mal, prova-o, mas se falei bem, por que me bates?
(Anás enviou-o preso ao sumo sacerdote Caifás.)
Alguns
começaram a cuspir nele, a tapar-lhe o rosto, a dar-lhe socos e a dizer-lhe:
Adivinha! Os servos igualmente davam-lhe bofetadas.
Enquanto isso, Pedro estava sentado no pátio. Aproximou-se dele uma das servas,
dizendo: Também tu estavas com Jesus, o Galileu.
Mas ele negou publicamente, nestes termos: Não sei o que dizes.
Dirigia-se ele para a porta, a fim de sair, quando outra criada o viu e disse
aos que lá estavam: Este homem também estava com Jesus de Nazaré.
Pedro, pela segunda vez, negou com juramento: Eu nem conheço tal homem.
Pouco depois, os que ali estavam aproximaram-se de Pedro e disseram: Sim, tu és
daqueles; teu modo de falar te dá a conhecer.
Então ele
começou a praguejar e a jurar: Não conheço esse homem de quem falais.
E imediatamente cantou o galo pela
segunda vez. Pedro lembrou-se da palavra que Jesus lhe havia dito: Antes que o
galo cante duas vezes, três vezes me negarás. E, lembrando-se disso, rompeu em
soluços.
Logo pela manhã se reuniram os sumos
sacerdotes com os anciãos, os escribas e com todo o conselho. e mandaram trazer Jesus.
Perguntaram-lhe: Dize-nos se és o Cristo! Respondeu-lhes ele: Se eu vo-lo
disser, não me acreditareis;
e se vos fizer qualquer pergunta, não me respondereis.
Mas, doravante, o Filho do Homem estará sentado à direita do poder de Deus.
Então perguntaram todos: Logo, tu és o Filho de Deus? Respondeu: Sim, eu sou.
Eles então exclamaram: Temos nós ainda necessidade de testemunho? Nós mesmos o
ouvimos da sua boca. E tendo amarrado Jesus,
levaram-no e entregaram-no a Pilatos.
Da casa de Caifás conduziram Jesus ao
pretório. Era de manhã cedo. Mas os judeus não entraram no pretório, para não
se contaminarem e poderem comer a Páscoa.
Judas, o traidor, vendo-o então condenado, tomado de
remorsos, foi devolver aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos as trinta
moedas de prata,
dizendo-lhes: Pequei, entregando o sangue de um justo. Responderam-lhe: Que nos
importa? Isto é lá contigo!
Ele jogou então no templo as moedas de prata, saiu e foi enforcar-se.
Os príncipes dos sacerdotes tomaram o dinheiro e disseram: Não é permitido
lançá-lo no tesouro sagrado, porque se trata de preço de sangue.
Depois de haverem deliberado, compraram com aquela soma o campo do Oleiro, para
que ali se fizesse um cemitério de estrangeiros.
sta é a razão por que aquele terreno é chamado, ainda hoje, Campo de Sangue.
Assim se cumpriu a profecia do profeta Jeremias: Eles receberam trinta moedas
de prata, preço daquele cujo valor foi estimado pelos filhos de Israel;
e deram-no pelo campo do Oleiro, como o Senhor me havia prescrito.
Levantou-se a sessão e conduziram
Jesus diante de Pilatos,
e puseram-se a acusá-lo: Temos encontrado este homem excitando o povo à
revolta, proibindo pagar imposto ao imperador e dizendo-se Messias e rei.
Pilatos lhe perguntou: És tu o rei dos judeus?
. Jesus
respondeu: Dizes isso por ti mesmo, ou foram outros que to disseram de mim?
Disse Pilatos: Acaso sou eu judeu? A tua nação e os sumos sacerdotes
entregaram-te a mim. Que fizeste?
Respondeu Jesus: O meu Reino não é deste mundo. Se o meu Reino fosse deste
mundo, os meus súditos certamente teriam pelejado para que eu não fosse
entregue aos judeus. Mas o meu Reino não é deste mundo.
Perguntou-lhe então Pilatos: És, portanto, rei? Respondeu Jesus: Sim, eu sou
rei. É para dar testemunho da verdade que nasci e vim ao mundo. Todo o que é da
verdade ouve a minha voz.
Disse-lhe Pilatos: Que é a verdade?...
Declarou Pilatos aos príncipes dos
sacerdotes e ao povo: Eu não acho neste homem culpa alguma.
Mas eles insistiam fortemente: Ele revoluciona o povo ensinando por toda a
Judéia, a começar da Galiléia até aqui.
A estas palavras, Pilatos perguntou se ele era galileu.
E, quando soube que era da jurisdição de Herodes, enviou-o a Herodes, pois
justamente naqueles dias se achava em Jerusalém.
Herodes alegrou-se muito em ver Jesus, pois de longo tempo desejava vê-lo, por
ter ouvido falar dele muitas coisas, e esperava presenciar algum milagre
operado por ele.
Dirigiu-lhe muitas perguntas, mas Jesus nada respondeu.
Ali estavam os príncipes dos sacerdotes e os escribas, acusando-o com
violência.
Herodes, com a sua guarda, tratou-o com desprezo, escarneceu dele, mandou
revesti-lo de uma túnica branca e reenviou-o a Pilatos.
Naquele mesmo dia, Pilatos e Herodes fizeram as pazes, pois antes eram inimigos
um do outro.
Pilatos convocou então os príncipes dos sacerdotes, os magistrados e o povo, e
disse-lhes:
Apresentastes-me este homem como agitador do povo, mas, interrogando-o eu
diante de vós, não o achei culpado de nenhum dos crimes de que o acusais.
Nem tampouco Herodes, pois no-lo devolveu. Portanto, ele nada fez que mereça a
morte.
Por isso, soltá-lo-ei depois de o castigar.
Era costume que o governador soltasse um preso a pedido do povo em cada festa
de Páscoa.
Ora, havia naquela ocasião um prisioneiro famoso, chamado Barrabás.
Pilatos dirigiu-se ao povo reunido: Qual quereis que eu vos solte: Barrabás ou
Jesus, que se chama Cristo?
(Ele sabia que tinham entregue Jesus por inveja.)
Enquanto estava sentado no tribunal, sua mulher lhe mandou dizer: Nada faças a
esse justo. Fui hoje atormentada por um sonho que lhe diz respeito.
Mas os príncipes dos sacerdotes e os anciãos persuadiram o povo que pedisse a
libertação de Barrabás e fizesse morrer Jesus.
O governador tomou então a palavra: Qual dos dois quereis que eu vos solte?
Responderam: Barrabás!
Pilatos perguntou: Que farei então de Jesus, que é chamado o Cristo? Todos
responderam: Seja crucificado!
O governador tornou a perguntar: Mas que mal fez ele? E gritavam ainda mais
forte: Seja crucificado!
Responderam-lhe os judeus: Nós temos
uma lei, e segundo essa lei ele deve morrer, porque se declarou Filho de Deus.
Estas palavras impressionaram Pilatos.
Entrou novamente no pretório e perguntou a Jesus: De onde és tu? Mas Jesus não
lhe respondeu.
Pilatos então lhe disse: Tu não me respondes? Não sabes que tenho poder para te
soltar e para te crucificar?
Respondeu Jesus: Não terias poder algum sobre mim, se de cima não te fora dado.
Por isso, quem me entregou a ti tem pecado maior.
Pilatos
viu que nada adiantava, mas que, ao contrário, o tumulto crescia. Fez com que
lhe trouxessem água, lavou as mãos diante do povo e disse: Sou inocente do
sangue deste homem. Isto é lá convosco!
E todo o povo respondeu: Caia sobre nós o seu sangue e sobre nossos filhos!
Libertou então Barrabás, mandou açoitar Jesus e lho entregou para ser
crucificado.
Os soldados conduziram-no ao interior do
pátio, isto é, ao pretório, onde convocaram toda a coorte.
Vestiram Jesus de púrpura, teceram uma
coroa de espinhos e a colocaram na sua cabeça.
E começaram a saudá-lo: Salve, rei dos
judeus!
Davam-lhe na cabeça com uma vara,
cuspiam nele e punham-se de joelhos como para homenageá-lo.
Cuspiam-lhe no rosto e, tomando da vara, davam-lhe golpes na cabeça.
Depois de escarnecerem dele, tiraram-lhe o manto e entregaram-lhe as vestes.
Pilatos saiu outra vez e disse-lhes:
Eis que vo-lo trago fora, para que saibais que não acho nele nenhum motivo de
acusação.
Apareceu então Jesus, trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura.
Pilatos disse: Eis o homem!Em seguida, levaram-no para o
crucificar.
Saindo, encontraram um homem de Cirene, chamado Simão, a quem obrigaram a levar
a cruz de Jesus.
Seguia-o uma grande multidão de povo e
de mulheres, que batiam no peito e o lamentavam.
Voltando-se para elas, Jesus disse: Filhas de Jerusalém, não choreis sobre mim,
mas chorai sobre vós mesmas e sobre vossos filhos.
Porque virão dias em que se dirá: Felizes as estéreis, os ventres que não
geraram e os peitos que não amamentaram!
Então dirão aos montes: Caí sobre nós! E aos outeiros: Cobri-nos!
Porque, se eles fazem isto ao lenho verde, que acontecerá ao seco?
Eram conduzidos ao mesmo tempo dois malfeitores para serem mortos com Jesus.
Chegaram ao lugar chamado Gólgota, isto é, lugar do crânio.
Deram-lhe de beber vinho misturado com fel. Ele provou, mas se recusou a beber.
Depois de os soldados crucificarem Jesus, tomaram
as suas vestes e fizeram delas quatro partes, uma para cada soldado. A túnica,
porém, toda tecida de alto a baixo, não tinha costura.
Disseram, pois, uns aos outros: Não a rasguemos, mas deitemos sorte sobre ela,
para ver de quem será. Assim se cumpria a Escritura: Repartiram entre si as
minhas vestes e deitaram sorte sobre a minha túnica (Sl 21,19). Isso fizeram os
soldados.
E Jesus dizia: Pai, perdoa-lhes;
porque não sabem o que fazem.
Sentaram-se e montaram guarda.
Pilatos redigiu também uma inscrição e a fixou por
cima da cruz. Nela estava escrito: Jesus de Nazaré, rei dos judeus.
Muitos dos judeus leram essa
inscrição, porque Jesus foi crucificado perto da cidade e a inscrição era
redigida em hebraico, em latim e em grego.
Os sumos sacerdotes dos judeus disseram a Pilatos: Não escrevas: Rei dos
judeus, mas sim: Este homem disse ser o rei dos judeus.
Respondeu Pilatos: O que escrevi, escrevi.
Ao mesmo tempo foram crucificados com ele dois ladrões, um à sua direita e
outro à sua esquerda.
Os que passavam o injuriavam, sacudiam a cabeça e diziam:
Tu, que destróis o templo e o reconstróis em três dias, salva-te a ti mesmo! Se
és o Filho de Deus, desce da cruz!
Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe, a
irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena.
Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe:
Mulher, eis aí teu filho.
Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E dessa hora em diante o discípulo a
levou para a sua casa.
Um dos malfeitores, ali crucificados,
blasfemava contra ele: Se és o Cristo, salva-te a ti mesmo e salva-nos a nós!
Mas o outro o repreendeu: Nem sequer temes a Deus, tu que sofres no mesmo
suplício?
Para nós isto é justo: recebemos o que mereceram os nossos crimes, mas este não
fez mal algum.
E acrescentou: Jesus, lembra-te de mim, quando tiveres entrado no teu Reino!
Jesus respondeu-lhe: Em verdade te digo: hoje estarás comigo no paraíso.
Os príncipes dos sacerdotes, os escribas e os anciãos também zombavam dele:
Ele salvou a outros e não pode salvar-se a si mesmo! Se é rei de Israel, desça
agora da cruz e nós creremos nele!
Confiou em Deus, Deus o livre agora, se o ama, porque ele disse: Eu sou o Filho
de Deus!
Desde a hora sexta até a nona, cobriu-se toda a terra de trevas.
Próximo da hora nona, Jesus exclamou em voz forte: Eli, Eli, lammá sabactáni? -
o que quer dizer: Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?
A estas palavras, alguns dos que lá estavam diziam: Ele chama por Elias.
Imediatamente um deles tomou uma esponja, embebeu-a em vinagre e apresentou-lha
na ponta de uma vara para que bebesse.
Os outros diziam: Deixa! Vejamos se Elias virá socorrê-lo.
Em seguida, sabendo Jesus que tudo estava
consumado, para se cumprir plenamente a Escritura, disse: Tenho sede.
Havia ali um vaso cheio de vinagre. Os soldados encheram de vinagre uma esponja
e, fixando-a numa vara de hissopo, chegaram-lhe à boca.
Escureceu-se o sol e o véu do templo
rasgou-se pelo meio.
Jesus deu então um grande brado e disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu
espírito. E, dizendo isso, expirou.
E eis que o véu do templo se rasgou em duas partes
de alto a baixo, a terra tremeu, fenderam-se as rochas.
Os sepulcros se abriram e os corpos de muitos justos ressuscitaram.
Saindo de suas sepulturas, entraram na Cidade Santa depois da ressurreição de
Jesus e apareceram a muitas pessoas.
Os judeus temeram que os corpos
ficassem na cruz durante o sábado, porque já era a Preparação e esse sábado era
particularmente solene. Rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e
fossem retirados.
Vieram os soldados e quebraram as pernas do primeiro e do outro, que com ele
foram crucificados.
Chegando, porém, a Jesus, como o vissem já morto, não lhe quebraram as pernas,
mas um dos soldados abriu-lhe o lado com uma lança e, imediatamente, saiu
sangue e água.
O que foi testemunha desse fato o atesta (e o seu testemunho é digno de fé, e
ele sabe que diz a verdade), a fim de que vós creiais.
Assim se cumpriu a Escritura: Nenhum dos seus ossos será quebrado (Ex 12,46).
E diz em outra parte a Escritura: Olharão para aquele que transpassaram (Zc
12,10).
O centurião que estava diante de Jesus, ao ver
que ele tinha expirado assim, disse: Este homem era realmente o Filho de Deus.
Havia ali também algumas mulheres que de longe olhavam; tinham seguido Jesus desde
a Galiléia para o servir.
À tardinha, um homem rico de Arimatéia, chamado José, que era também discípulo
de Jesus,
foi procurar Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus.
Pilatos
admirou-se de que ele tivesse morrido tão depressa. E, chamando o centurião,
perguntou se já havia muito tempo que Jesus tinha morrido.
Obtida a resposta afirmativa do
centurião, mandou dar-lhe o corpo.
Depois de ter comprado um pano de linho,
José tirou-o da cruz, envolveu-o no pano e depositou-o num sepulcro escavado na
rocha, rolando uma pedra para fechar a entrada.
Maria Madalena e a outra Maria ficaram lá, sentadas defronte do túmulo.
No dia seguinte - isto é, o dia seguinte ao da Preparação -, os príncipes dos
sacerdotes e os fariseus dirigiram-se todos juntos à casa de Pilatos.
E disseram-lhe: Senhor, nós nos lembramos de que aquele impostor disse,
enquanto vivia: Depois de três dias ressuscitarei.
Ordena, pois, que seu sepulcro seja guardado até o terceiro dia. Os seus
discípulos poderiam vir roubar o corpo e dizer ao povo: Ressuscitou dos mortos.
E esta última impostura seria pior que a primeira.
Respondeu Pilatos: Tendes uma guarda. Ide e guardai-o como o entendeis.
Foram, pois, e asseguraram o sepulcro, selando a pedra e colocando guardas.
Sintetizado
dos quatro evangelhos por: Agnaldo Ferreira Corrêa